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MUSEU MUNICIPAL DE PRESIDENTE PRUDENTE - ANTIGO MATADOURO

  • Joanne Damno
  • 23 de set. de 2017
  • 5 min de leitura

Denominação Atual:

Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antonio Sandoval Netto

Denominação Primitiva:

Matadouro Municipal

Endereço:

Rua Dr. João Gonçalves Foz, 2179 – Jd. Das Rosas – Presidente Prudente - SP

Data do projeto: 1928

Data da Construção: 1928 – 1929

Arquitetos: Não declarados, projeto de uma empresa de São Paulo localizada na Sé.

Idealizador: Dr. Romeu Leão Cavalcanti (Médico)

Empreiteiro: Antonio Freitas (Português)

Mestre de obra: Vasco Preto (Italiano)

HISTÓRIA

Passados 11 anos de sua fundação, Presidente Prudente ainda não contava com um matadouro que garantisse a qualidade das carnes fornecidas pelo comércio da região, o sistema arcaico e sem fiscalização permitia que açougueiros inescrupulosos adquirissem animais muitas vezes doentes, que eram abatidos em pequenos sítios no próprio local de sua aquisição, e a posterior, vendidas como alimento sadio a população. Foi neste cenário que conforme Resende (1991), o médico Romeu Leão Cavalcanti em 1928 exigiu perante o órgão público municipal a construção de um abatedouro em função de centralizar o abate das reses em local inspecionado. Tomada a iniciativa e aprovada pela Prefeitura Municipal, Dr. Romeu passou a visitar os melhores abatedouros do estado, e como referência foi adotado o de Piracicaba. Para elaboração do projeto arquitetônico foi contratada uma empresa da capital, São Paulo, localizada na Praça da Sé.


A exposição do projeto criou um cenário de muitas críticas dos populares, estes acreditavam que a construção do matadouro era um desperdício de dinheiro, mas Dr. Romeu, um visionário certo de sua decisão, defendeu a planta e fez então uma campanha com a finalidade de melhorar as condições de saúde pública e preservar bem-estar da população. E foi com o poder delegado das autoridades a Romeu, finalmente pode-se realizar as contratações para início das obras, em local estratégico de fácil acesso em função de garantir facilidade na distribuição. (RESENDE, 1992, HIRAO, 2011)


Ainda segundo Resende (1992), a equipe para execução contava com Antonio Freitas, como empreiteiro e Sr. Vasco Preto o como mestre de obra, este segundo era reconhecido como um “verdadeiro artesão” por suas habilidades construtivas, e com tijolos de medidas especiais, 28 x 14cm produzidos pela olaria do Sr. Francisco Lourenço, erguiam-se as paredes que pouco a pouco ganhavam forma, uma expressão arquitetônica-funcional que exibia detalhes jamais vistos antes pelos moradores da região.


Construção do Antigo Matadouro

Foto: Acervo Museu Municipal

Vale salientar que em 1929 o mundo passava por uma grande crise, esta que refletiu no setor regional com a crise do café, um produto de grande relevância econômica para a cidade e que até então, impulsionava o desenvolvimento da região. E conforme Resende (1992), foi neste mesmo ano que após concluída a obra, Presidente Prudente em clima de entusiasmo inaugurava o matadouro; ali estava petrificada a arte do italiano, Vasco Preto, o trabalho do construtor português, Freitas, e as fibras nordestinas de Romeu que em seu discurso de inauguração, em frente ao prédio que desafiava seus críticos, disse:


“É uma obra de fazer inveja aos homens de curta visão. É uma obra que vai varar este século e será perpetuada, pelo seu valor arquitetônico, tornando-se um monumento de nosso trabalho, dos pioneiros desta cidade e, antevejo, como um baluarte das tradições prudentinas, um pouco de sua cultura e uma bandeira fixa, hasteada na paisagem da cidade, chamando a atenção do visitante que por ali transita em busca do bom comércio do município”.

(CAVALCANTI, apud RESENDE, 1992)


Atualmente, conforme profetizado pelo Dr. Romeu no passado, o antigo matadouro tornou-se um edifício de grande valor histórico, além de ser um importante bem cultural para a cidade, uma vez que resgata a memória social e confere identidade a Presidente Prudente, pois conforme mencionado por Hirao (2011), “quanto mais legível a cidade mais forte é a sua identidade”.


REFORMAS, INTERVENÇÕES E RESTAURAÇÕES

Atualmente, conforme apontado por Hirao (2011), o museu ainda dispõe de grande área livre em seu terreno e conforma uma importante paisagem urbana prudentina, no entanto, não são essas as dimensões originais do lote, pois este teve sua área reduzida devido a invasões de particulares. Ainda segundo o autor, na função de museu o prédio sofreu transformações para atender aos novos usos, a este foram agregados ornamentos e cores na fachada principal, intervenções estas de autoria ainda desconhecida, mas que faz parte do já fazem parte do imaginário social e dá identidade a esse patrimônio histórico. Além do Pastiche externo, a descaracterização atingiu também o interior da obra, nesta foi realizada um pintura de parede inteira no salão principal, era um retrato de uma paisagem idealizada, mas inexistente na região.


SITUAÇÃO DE AMBIÊNCIA

Próximo ao Córrego do Veado, segundo Hirao (2011), foi construído o matadouro quando ainda era uma área periférica da cidade.

Atualmente, localizado no Jd. Das Rosas, área já consolidada da cidade de Presidente Prudente, tem em seu entorno imediato os bairros, Jd. Santa Helena ao Norte, bairro Centro Educacional a Oeste, área Uep2-S3 ao Sul, e a Leste o próprio bairro a qual pertence. Próximo a área Central, conta com excelente infraestrutura urbana e é rico em comércio de bens e serviços. Próximo a ele estão o Senac, Prudenshopping, Ambulatório de Saúde Mental Regional, CETESB, DAEE e algum dos principais hipermercados da cidade como o Carrefour, Wallmart, e Muffato Max.

DESCRIÇÃO DA OBRA

A princípio, o prédio original é de volume único simétrico em sua forma e distribuição de aberturas, de colunas levemente salientadas da fachada, possui características ecléticas e pouca ornamentação, conta com pé-direito duplo e um frontão curvilíneo ao centro que coroa sua forma prismática quadrangular e marca o antigo acesso principal da edificação. Ao longo do tempo, na alteração de sua fachada principal recebeu a cor amarelo escuro demarcando seus pilares e seus característicos rendilhados. Aos fundos, fora do alcance dos olhos dos transeuntes foram adicionados dois blocos retangulares de linhas retas e sistema construtivo bastante simples que destoam da estrutura original pré-existente a implantação, adjacente a estes blocos tem uma pequena coberta de telhas ondulados onde abrigam-se veículos antigos.


Vista Principal da Fachada

Foto: Hélio Hirao | Fernando Brólia, 2004

A generosa área livre externa dá destaque à obra principal, e conforme informações do próprio Museu, possui 5.176m² de área total, sendo desta 380m² de área construída, além do jardim oriental executado pela colônia japonesa em homenagem aos 80 anos de imigração.



DADOS HISTÓRICOS

  • 1929 – Foi construído o matadouro por iniciativa do Dr. Romeu Leão Cavalcanti;

  • 1937 – Aprovada a Lei Municipal nº 51, no dia 01 de outubro, foi registrado a encampação do Matadouro, e sobe o governo do Prefeito da época Cel. Miguel Brizola, o matadouro tornou-se municipal;

  • XXXX – Não foram encontradas informações ano específico da sua desativação na função de matadouro;

  • 1975 – Permaneceu sem uso até então, quando finalmente foi doado para a Fundação Museu Histórico e Arquivo Municipal;

  • 1977 - Escritura de Doação foi assinada pelo Prefeito Paulo Constantino e a Presidente da Fundação Museu, Dra. Maria de Lourdes Ferreira Lins, formalizando a doação do antigo matadouro;

  • 2002 – Diretoria do museu foi destituída pelo prefeito da época Agripino Lima por irregularidades, atualmente o acervo e as instalações fazer parte do patrimônio municipal e estão sob a administração da Secretaria Municipal de Cultura.


ADIÇÕES

Nos anos 80, segundo Hirao (2011), foram construídos dois anexos, sendo um para abrigar o acervo documental, instrumental e fotográfico, e o outro para alojar o setor administrativo, mas como consequência da adição sofrida o conjunto arquitetônico foi descaracterizado.




REFERÊNCIAS


RESENDE, Benjamin, Raízes Prudentinas, Editora Senac, Presidente Prudente, 1992, p.43-45.


HIRAO, Hélio, Vitruvius, O Museu Histórico e Arquivo Municipal de Presidente Prudente – SP, Patrimônio, projeto e identidade na cidade contemporânea, Presidente Prudente - SP, 2011. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.134/3957>. Acesso em 23 de Set de 2017.


MUSEU MUNICIPAL, História, Presidente Prudente – SP. Disponível em: <http://presidenteprudente.sp.gov.br/museu/historia.jsp>. Acesso em 23 de Set de 2017.

 
 
 

Commentaires


 o MANIFESTo da arquitetura histórica: 

 

Tomado como partido o fato que “Só se preserva aquilo que se ama, só se ama aquilo que se conhece”, frase de Aloísio Magalhães, pode-se tomar como pedra fundamental do site a propagação de informações pertinentes à cidade de Presidente Prudente - SP, cujo conteúdo é de cunho histórico-arquitetônico da cidade e Região, com rico conteúdo fotográfico aliado a informações concisas e confiáveis a respeito da arquitetura e história prudentina.

Uma cidade não vive sem memória, e esta memória idílica é construída através de registros, mas mais que registrar, é necessário organizar, expor, levar esta informação a população de forma que a sociedade possa conhecer a história que os une e assim, reconhecer o valor das obras que hoje estão ocultas, não só por suas fachadas mascaradas por seus grandes frontlights, mas também pela falta de conhecimento da população, onde na ausência deste segundo, mesmo que em situação onde houvessem magníficas obras despidas ao alcance dos olhos, não poderiam apreciá-las, pois a ausência de conhecimento os tornam cegos à maior das artes, mas no entanto a população conhecedora de sua riqueza, se organiza para que algo seja feito em termos de ação preservativa do patrimônio histórico  arquitetônico. Esta é nossa proposta!

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